sábado, 1 de abril de 2017

Quando se perde um Amor


Resumo do Artigo: A DOR DA PERDA AMOROSA E A GESTALT-TERAPIA
Autora: Sarah Batista Leite de Lima
Revista IGT na Rede, v. 5, nº 9, 2008, p.114-125. ISSN 1807-2526

 
 

Para Zinker (2001), o amor tem significados diferentes em diversos momentos de vida de uma pessoa, porém a experiência de se apaixonar e a necessidade de fusão continuam sendo um enigma essencial que não depende das palavras. Há um reconhecimento de que não se é inteiro sem o outro, não se é pleno em si mesmo, mas também inexiste um reconhecimento do outro como pessoa inteira.  

 
A separação, para quem vivia uma relação de amor, assemelha-se a uma mutilação.

Além desse sofrimento, o parceiro que foi deixado se martiriza, buscando em si mesmo erros e falhas que justifiquem o término, e nesse momento a culpa passa a ser um sentimento inevitável. Sentir-se culpado é mais tolerável do que sentir-se rejeitado. Conforme Caridade.

 
“Saber-se desejado, importante e significativo para o outro é a maior ânsia humana. O que se deseja mais intensamente é que o outro nos deseje. Nada alcança maior importância. Sentir-se objeto de desejo para o outro torna-se grande referência de saúde emocional nas pessoas” (Caridade (1997, p. 97).

 Frente a essa rejeição o indivíduo fica ferido narcisicamente. Instaura-se no indivíduo um doer desmedido, a orfandade amorosa transforma-se em orfandade existencial.

Segundo Caruso (1989), estudar a separação amorosa significa estudar a presença da morte na vida. É a vivência da morte do outro na consciência de quem sofre, e o que é narcisicamente mais doloroso para quem sofre: a vivência da morte dele na consciência do outro.


Caridade (1997) diz que há uma sentença de dupla morte com a separação. “O apaixonado sabe que morreu dentro do outro. Tem que aceitar a vivência dessa morte ao mesmo tempo em que vai lutar  desesperadamente para matar o outro que ficou dentro de si” (Caridade 1997 p. 98).

 
“A perda é um fantasma que aterroriza os que se detêm na sua contemplação. Quantos perdem suas posses e junto com elas também se perdem! Simplesmente por deixarem de ganhar! A perda talvez seja a ameaça mais angustiante enfrentada pelo ser humano. (Schettini (2000), p.33).

 “A morte como perda nos fala em primeiro lugar de um vínculo que se rompe de forma irreversível, sobretudo quando ocorre perda real e concreta. Nessa representação de morte estão envolvidas duas pessoas: uma que é 'perdida' e a outra que lamenta esta falta, um pedaço de si que se foi. O outro é uma parte internalizada nas memórias e nas lembranças, na situação do luto elaborado. A morte como perda evoca sentimentos fortes, pode ser chamada de 'morte sentimento' e é vivida por todos nós. É impossível encontrar um ser humano que nunca tenha vivido uma perda. Ela é vivenciada conscientemente, por isso muitas vezes, mais temida do que a própria morte. Como esta última não pode ser vivida concretamente, a única morte experienciada é a perda, quer concreta, quer simbólica. (Kovács (1992) p.150).

 
Mas a perda nem sempre é negativa: “Ganha-se não apenas quando se ganha, mas se ganha também quando se perde. A questão é que, infelizmente, aprendemos a interpretar a perda sempre como um prejuízo. Quantas perdas são alívio e descortinamento para visões mais amplas e profundas da vida” (Schettini (2000)p. 24).

 

REFERÊNCIAS

 CARIDADE, A. Sexualidade: corpo e metáfora. São Paulo: Iglu, 1997.
CARUSO, I. A. A separação dos amantes: uma fenomenologia da morte. São Paulo:
Cortez, 1989.
KOVÁCS, M. J. Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do psicólogo,
1992.
SCETTINI , L. F. Amor Perdido de Amor. Recife: Bagaço, 2000.
ZINKER, J. C. A busca da elegância em psicoterapia: uma abordagem gestáltica
com casais, famílias e sistemas íntimos. São Paulo: Summus, 2001.

Palavras Chaves: Psicanálise Análise Terapia Solidão Separação Divórcio

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