Do
grego "episteme", ciência, conhecimento e "logos", discurso;
a epistemologia é o ramo da filosofia interessado
na investigação da natureza, origem e validade do conhecimento. Por
conhecimento entendemos todas as informações que explicam o mundo ao nosso redor
e para que essas informações sejam aceitas é necessário que seja de alguma forma comprovadas. Para tanto a
epistemologia procura responder: O que é o conhecimento? Como chegamos a ele? O
que comprova sua validade? Como é possível defendê-lo e explicá-lo? Respondidas
essas questões o conhecimento se torna validado e é possível inclusive prever a
realidade futura através de padrões e modelos.
Mas
como falar em Epistemologia numa disciplina em que o objeto de estudo é o inconsciente
e toda sua subjetividade? A tarefa é
complicada, o inconsciente não é um objeto inerte, nem pode ser qualificável,
sendo singular a cada indivíduo. As descobertas de Freud a respeito do
inconsciente quebra com a tradição da psicologia como ciência da consciência e
da razão.
Essa
contradição de viés epistemológico ocorre uma vez que o inconsciente é
assimilado ao conceito de “coisa em si” da filosofia de Kant, aquilo que não
pode ser qualificável. Isso gera o paradoxo da epistemologia freudiana: a
psicanálise é ciência da natureza e tem por objeto o inconsciente; discorrer
sobre o inconsciente é discorrer sobre a coisa-em-si,, sobre o incognoscível.
Portanto, a psicanálise seria a ciência do incognoscível, daquilo que, como
nota Freud em O Inconsciente, excede
os limites da percepção da consciência sobre a realidade psíquica. (FREUD,
1915/1987, p.197, apud RAFFAELLI, 2006).
Assim,
a psicanálise segue o caminho contrário à política padronizadora desde o seu
nascimento. Freud (1924) enumerou os fatores que contribuem para a constituição
dessa teoria psicanalítica: ênfase na vida afetiva, na dinâmica mental, no fato
de que mesmo os fenômenos mentais aparentemente mais obscuros e arbitrários
possuem invariavelmente um significado e uma causa, a teoria do conflito
psíquico e da natureza patogênica da repressão, a visão de que os sintomas
constituem satisfações substitutas, o reconhecimento da importância etiológica
da vida sexual, e especificamente, dos primórdios da sexualidade infantil.
Freud acrescentou ainda a complicada relação emocional das crianças com os
pais, definida por ele como Complexo de Édipo, considerando-o o núcleo de todo
caso de neurose.
Bleichmar
(1992) estabelece três zonas epistemológicas para a psicanálise: Uma zona
externa resultante da interação entre a psicanálise e a filosofia, sendo a
psicanálise questionada e apoiada por diferentes escolas: o positivismo, a
hermenêutica, o marxismo, o existencialismo, dentre outras e duas zonas
internas, uma onde a psicanálise dialoga com concepções psiquiátricas e
psicológicas e outra onde se encontram os problemas epistemológicos, levando em
consideração a diversidade de teorias sustentadas pelo analista. “Para alguns
epistemólogos, considerando que a psicanálise tem menos de cem anos de vida e
que se apresenta tal quantidade de achados e de questões polêmicas, nossa
disciplina está incluída naquilo que chamamos de contexto de descobertas.”
(CORTEZ, 1978 apud BLEICHMAR, 1992)
REFERÊNCIAS
BLEICHMAR, Noberto. A psicanálise depois de Freud, teoria e clínica. Porto Alegre, 1992.
BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: Uma introdução ao estudo da Psicologia/ Ana Mercês Bock, Odair Furtado, Maria de Lourdes Trassi Teixeira. – 13. ed. Reform. e ampli.– São paulo: Saraiva, 2002.
BARTUCCI, Giovanna. A interpretação dos Sonhos, 100 anos. Disponível em:
RAFFAELLI, Rafael. Freud: Questões Epistemológicas- Cadernos de Pesquisa interdisciplinar em Ciências Humanas. ISSN 1678-7730 Nº 80 – FPOLIS, ABRIL DE 2006.
Como Referir:
ROCHA, Raquel. Epistemologia Psicanalítica. Disponível em: < http://soliloquiospsicanaliticos.blogspot.com > Acesso em: __/__/____
Amei seu blog, parabéns, vc é um sucesso! Já fussei ele inteirinho e pode ter certeza de que sempre estarei voltando. Bjs Jó
ResponderExcluirOlá! Quero dizer que amei o seu blog e o seu trabalho! Fica na paz!
ResponderExcluir