Perguntaram-me se eu gosto de Axé.
Eu gosto sim.
Não desses que hoje fazem
tanto sucesso, (pra falar a verdade nem sei mais o que é o Axé de hoje) mas
gosto do Axé de raiz, questionador, o axé que é um grito de revolta e
liberdade. Cresci ouvindo "Força e pudor, Liberdade ao povo do
Pelô..." e descobrindo que existia uma classe marginalizada que vencia o
preconceito através da arte.
"Brasil nordestópia
Na Bahia existe etiópia
Pro nordeste o país vira as costas
E lá vou eu"
A cultura africana é a nossa própria cultura, mas fui reconhecê-la através das músicas, palavras como Salum, mazimbas, Osíris, Gâmbia,Geb, Casamance, Meiji, Seth. Descobri que muitos dos escravos trazidos para o Brasil eram reis e rainhas lá na África.
"Criaram-se vários reinados, o Ponto de Imerinas ficou consagrado
Rambozalama vetor saudável, Ivato cidade sagrada
A rainha Ranavalona destaca-se da vida e da mocidade
Majestosa negra, soberana da sociedade
Alienado pelos seus poderes rei Radama foi considerado
Um verdadeiro Meiji que levava seu reino a bailar"
Claro que gosto do Axé. O Axé é tudo isso, ou era. Já não sei mais. Só sei que hoje a muriçoca, soca e soca. E também pica, pica, pica...
Tomara que ainda existam
pessoas gritando sua revolta e indignação através da arte.
A foto que ilustra esse pequeno texto é do Pelourinho, patrimônio histórico da ONU. Lugar que ouvi falar pela primeira vez nas músicas e muitos anos depois tive a oportunidade de conhecer e fotografar.
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