Raquel Rocha
Economista, Comunicóloga, Psicanalista e Especialista em Saúde Mental
Membro da Academia de Letras de Itabuna
Louis Bloom é um personagem
intrigante. Ele é um ladrão barato em busca de emprego. Pede emprego até para
quem ele vai vender mercadoria roubada. Alguém com essas características
atrairia simpatia de imediato, pela tentativa de superação “Está querendo
deixar de ser ladrão, mudar de vida.”
Mas não é o caso de Louis Bloom, porque enquanto ele mostra ser um
jovem solitário tentando encontrar um emprego de qualquer jeito, seu olhar
mostra uma certa frieza, crueldade, até um certo grau de psicopatia. Alie tudo
isso a uma fala que parece ser mais um manual de como crescer no mundo
coorporativo mesclado com livro de autoajuda. E você tem Louis Blum.
Tudo parece dar errado na vida de Bloom até que uma noite ele encontra
uma Van fazendo a cobertura de um acidente para vender pra TV. Ele mais uma vez tenta um emprego com esse
cinegrafista independente mas é rejeitado.
Bloom decide então começar sua carreira sozinho. Ele rouba uma
bicicleta e em seguida troca a mesma por uma câmera e um rádio de polícia.
Declara-se um repórter freelance e sai em busca da notícia.
Ou melhor, em busca do sangue.
Louis Bloom é curioso, pesquisa tudo na internet, aprende rápido, não
mede esforços para alcançar o “sucesso profissional.” Ele não tem limites e a
sua amoralidade combina perfeitamente com o canal de Tv que compra as imagens
em sua mão. Nas cenas em que Louis e a diretora do jornal Nina negociam as
imagens percebemos que, para ambos, trata-se apenas de um produto a ser vendido
e revendido, sem nenhuma pontada de humanidade.
Louis Bloom é a encarnação do que há de pior na imprensa. Ele não sabe
o que é ética então ele filma qualquer coisa em closes extravagantes. Ele
invade a cena do crime, altera detalhes, mexe nos corpos, sabota os
concorrentes, tudo para conseguir uma boa imagem.
Excelentes interpretações de Rene Russo como Nina, a diretora do
telejornal. E de Jake Gyllenhaal como
Louis Blom. Essa obra O filme foi indicado ao Oscar de “Melhor Roteiro
Original.”.
Roteiro e direção de Dan Gilroy. O Abutre é uma excelente indicação para debater os limites éticos, legais e morais da imprensa: Por
que sabe o que é mais verdadeiro nessa história? Existem abutres assim porque
existem veículos midiáticos interessados nesses conteúdos. E esses veículos
midiáticos se interessam por esses conteúdos porque existe um público (um
grande público) que assiste.
Muito bom filme. Pesado, crítico e até incômodo. Mas ainda assim muito
bom.
Nenhum comentário:
Postar um comentário