domingo, 27 de janeiro de 2013

O Django de Quentin Tarantino




Inspirado no western italiano da década de 60 também chamado Django do diretor Sergio Corbuccio, o filme de Tarantino faz jus ao gênero com muitos tiroteios, enquadramentos abertos, trilha sonora dramática e um herói com cara de mau. As semelhanças terminam por aqui.

O novo Django, interpretado por Jamie Foxx, é um escravo que depois de sofrer maus tratos e ser separado da sua esposa, acaba sendo comprado pelo caçador de recompensas Dr. King Schultz, (ChristophWaltz). De escravo, Django passa a ser amigo e parceiro de trabalho do Dr. Schultz. O doutor lhe dá a liberdade para juntos percorrem as fazendas do sul dos EUA matando procurados pela justiça e, nas suas palavras: “Quanto mais perigosos, maior a recompensa”.

O maior recompensa de Django não é dinheiro. Seu desejo é encontrar e libertar sua esposa Broomhilda (Kerry Washington) e ao final de várias caçadas eles chegam até a propriedade onde está a moça. O lugar pertence ao latifundiário Calvin Candie (Leonardo di Caprio) famoso por promover lutas de escravos até a morte. (Spoiler leve) Para conseguir comprar a escrava Broomhilda eles armam um plano que, claro, tinha que terminar em um desastre com muito sangue. Aliás, o sangue é uma marca presente durante todo o filme. Diferente de westerns onde os tiros levam a mortes rápidas e limpas, os tiros em Django Unchained levam a esguichos de sangue, miólos espalhados, buracos nos corpos e gritos agonizantes.


A violência é uma marca registrada de Tarantino que tem em sua biografia filmes como Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Kill Bill e Bastardos Inglórios, mas a violência nesses filmes de tão exagerada acaba se tornando irreal, quase plástica, quase bela, sobretudo em Kill Bill. Em Django a violência tem uma certa dose de crueza que incomodou alguns espectadores: cenas de torturas, chicotadas até um escravo devorado por cães. Para quem não gosta de filmes violentos Django não é uma boa indicação.

Por outro lado, para aqueles que não se importam com banhos de sangue vale a pena assistir a mais essa belíssima obra de Tarantino que foi brilhante em vários aspectos como a trilha sonora, com músicas selecionadas dos discos do próprio diretor, a fotografia incrível e interpretação dos atores, destacando-se Christoph Waltz, que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante em 2010 pela interpretação do Coronel Landa e nesse filme chega a ofuscar o próprio Django. Samuel L. Jackson, parceiro antigo do diretor faz uma interpretação irretocável do mordomo negro que parece odiar os negros mais que qualquer branco, e Leonardo DiCaprio na pele do cruel Calvin Candie, ator que está cada dia mais maduro, consegue surpreender a cada filme. Candie por sinal é o primeiro vilão que Tarantino confessou odiar, ele que sempre teve uma certa simpatia pelos seus vilões afirmou não encontrar nenhuma característica redimível neste. 

A película de 3 horas que aborda delicado tema da escravidão é cheia de diálogos memoráveis e mesmo com caráter sanguinolento tem uma boa dose de humor que faz com que as emoções de expectador se alternem.

Apesar do nome, o mérito da obra está mais no filme do que no personagem central que, talvez pelo sofrimento, seja frio e indiferente a tudo que não seja o resgate da esposa, diferente do Django de 1966 que conservava um certo ar de justiceiro. Mas essa questão do carisma do personagem (ou da falta dele) não torna Django Livre um filme menos sensacional, do que ele de fato é.  Sensacional, forte e polêmico, daqueles que você termina de assistir mas continua pensando nele. 



Trailer





Ficha Técnica: Django Livre (Django Unchained). Direção: Quentin Tarantino. Roteiro: Quentin Tarantino. Ano: 2012.
Elenco: Django – Jamie Foxx, Dr. King Schultz – Christoph Waltz, Calvin Candie – Leonardo DiCaprio, Broomhilda von Shaft – Kerry Washington, Stephen – Samuel L. Jackson.


Palavras chave: filme cinema resenha comentário opinião crítica oscar 2013 trailer 

Palavras Chaves: Cinema Filme Movie Opinião Comentário Resenha Crítica Oscar 2013 indicações 

Nenhum comentário:

Postar um comentário