Por Raquel Rocha
Comunicóloga, Economista
Psicanalista e Especialista em Saúde Mental
Especialista em Neuropsicologia
Membro da Academia de Letras de Itabuna
Comunicóloga, Economista
Psicanalista e Especialista em Saúde Mental
Especialista em Neuropsicologia
Membro da Academia de Letras de Itabuna
"Olha o aipim
aêê!" Ele passa todos dos dias na rua com seu carrinho de mão, já tarde da
noite. Ele tem um vozeirão forte, achei que ele tinha uns 40 anos, mas depois
vi que ele tem uns 20. Ele sobre e desce a ladeira gritando “Olha o aipim aêê!”
às 20, 21, 22:00 horas... E ele sobe e desce empurrando seu carrinho de mão.
A primeira veze que
ouvi “Olha o aipim aêê” achei estranho. Há séculos não via mais ninguém passar
na rua gritando para vender nada. Lembrou-me quando morei no interio do
interior, naquela cidadezinha que de tão pequena nem cidade era ainda. Lá tudo
vinha até a gente, o leite, as hortaliças, as frutas, aquela farinha e aquele
café torradinhos na mesma madrugada... Achei que meu vendedor de aipim ia
passar só aquela vez, senti –me inebriada de nostalgia e admiração e o deixei
passar.
Mas ele passou a
segunda vez, “Olha o aipim aêê” e eu quis escancaram a porta e sair esbaforida
mas a rua estava escura, deserta, e eu sozinha em casa, meus critérios de
segurança me retiveram dentro da fortaleza de coração partido.
Na terceira vez que ele
passou eu estava decidida a comprar, já tinha deixado até o dinheiro separado,
mas quando ouvi “ Olha o aipim aêê” estava no banho e mesmo saindo ensaboada,
vestindo a roupa ao avesso, quando botei a cara na porta o vendedor já estava
longe.
Hoje finalmente
consegui alcançá-lo, gritei da janela “Moço, quanto é o aipim?” Ele gritou da
rua “É dois e cinquenta Dona.” Aí eu disse feito criança “Separa dois que estou
descendo!!!”
Peguei meus dois
pacotes de aipim como quem pegava dois tesouros. Não é que eu goste tanto assim
de aipim, não é que a rua não tenha aipim à venda em cada esquina, é que eu
olho para aquele homem subindo e descendo a rua tarde da noite com
sua carrinho de aipim, trabalhando honestamente, suadamente,
animadamente e eu não tenho como não sentir uma ADMIRAÇÃO monumental por esse
ser humano...
E agora aqui em casa
vai ser assim, aipim cozido, aipim frito, bolo de aipim, escondidinho de aipim,
cocada de aipim, caldo de aipim, aipim com manteiga, com queijo, com ovo, com
carne seca e me mandem receitas de aipim!!!
Porque sou dessas,
movida pela Nostalgia e pelo Coração.
Olha o aipim aêê!
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