Por Raquel Rocha
Economista, Comunicóloga,
Psicanalista e Especialista em Saúde Mental
Pós-graduanda em Neuropsicologia
Membro da Academia de Letras de Itabuna
Membro da Academia de Letras de Itabuna
No
dicionário Michaelis encontramos o seguinte significado: “adj (sânsc samskrta,
perfeito) 1 Relativo ou pertencente ao sânscrito ou escrito nele; sanscrítico.
2 Relativo à cultura índica clássica ou derivada dela.sm. Antiga língua da
família indo-europeia; a língua clássica da Índia e do hinduísmo, em que está
escrita a maioria da sua literatura desde os Vedas.”
A
data do surgimento do Sânscrito é imprecisa. O Rig veda (Primeiro livro dos
Veda e o mais importante deles) é um dos registros mais antigos do sânscrito.
Ele reúne 1.028 hinos compostos em sânscrito védico. Estima-se que o Rig veda foi escrito por
volta de 1700–1100 a.C., durante o período védico. Apesar da data do Rig Veda,
o Sânscrito védico pode ser muito anterior a essa época, apenas não temos
registros.
O
Sânscrito védico é uma forma arcaica do sânscrito, é a mais antiga língua
dentre a família de línguas iranianas e europeias. A palavra Sâscrito vem de Saṃskṛtam.
“Sam” quer dizer “junto” e “Kr” fazer, criar. Com o tempo o adjetivo verbal saṃskṛta
passou a significar algo culto e refinado.
O Sânscrito da era védica, também chamado de
devabhāṣā que significa língua dos deuses, surgiu não como uma língua mas como
uma maneira sofisticada de falar. O conhecimento do sânscrito indicava elevada
colocação social desde a infância, ou seja, as pessoas nascidas nas castas mais
altas eram educadas com o Sânscrito. Dessa forma no dicionário Aurélio o
Sânscrito é definido como “Nome dado à antiga língua dos Brâmanes.”
O
Sânscrito clássico é uma evolução do Sânscrito Védico. Enquanto o Sânscrito
védico data 1700 a 1100 aC, o Clássico
tem seu registro mais antigo no século V a.C. com a primeira gramática do
sânscrito, a de Pāṇini. Foi com Pāṇini que o devabhāṣā passou a se chamar
Sânscrito. Estima-se que o sânscrito védico sobreviveu até a metade do primeiro
milênio a.C quando começou a se transformar no O Sânscrito clássico.
William
Jones, filólogo (estudioso da linguagem em escritos antigos) inglês nascido em
1746 descreveu o Sânscrito da seguinte
forma: “A linguagem Sânscrita, seja qual for sua idade, é de uma linda
estrutura; mais perfeita que o Grego, mais copiosa que o Latim, e mais
precisamente refinada que ambas, ainda compartilha com ambos uma forte
afinidade, tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas de gramática, que não
pode ter sido criada por acidente; é, na verdade, tão forte, que nenhum
filólogo poderia examinar as três sem acreditar que tenham nascido de uma fonte
comum, que, talvez, nem exista mais.” (Sir William Jones, falando com a Asiatic
Society em Calcutá (atual Kolkata) em 2 de fevereiro, 1786)
O
Sânscrito nunca foi considerado uma língua morta devido ao seu uso frequente em
textos e cânticos religiosos, em especial no hinduísmo mas também no budismo. A
maioria das línguas faladas atualmente na Índia (são 23 línguas oficiais) são
derivadas ou influenciadas pelo sânscrito. Apesar disso é um erro achar que
todos os indianos falam Sânscrito. Numa tentativa de resgatar a sua importância
o próprio Sânscrito foi declarado como língua oficial. O censo indiano de 1991
numerou 49.736 falantes fluentes de sânscrito. A Índia, inclusive, tem um
jornal diário em Sânscrito, o Sudharma que existe desde 1970.
O
sânscrito ofereceria acesso direto a um plano superior. Acredita-se que os mantras foram revelados
aos grandes mestres em sânscrito, ou seja, o som dos mantras em sânscrito tem
vibrações que conduzem a mente para determinado objetivo. O Som é uma
propagação de onda mecânica, são ondas de deslocamento, densidade e pressão que
se propagam em meios materiais. Assim, entende-se no Yoga que as vibrações das
palavras podem modificar os condicionamentos da mente.
A
língua sânscrita é formada por raízes. Exemplo: Mantra. “Man” significa mente e “Tra” significa liberação, portanto a
palavra Mantra pode ser traduzida como instrumento para liberar (ou conduzir) a
mente. Além da palavra “mantra”, diversas outras palavras da língua portuguesa
são derivadas do Sânscrito, como Ioga que vem de Yoga e significa "integração". Já a palavra Açúcar deriva
do Sanscrito sakkar ou sarkara, que significa “grãos de areia”ou “grãos
doces”. O conceito de zero também nasceu
com os indianos por volta de 600 a.C, a palavra árabe “çifr” que quer dizer
vazio, zero, veio do sânscrito ûnya, vazio.
Além
ser um portal de acesso direto a um
plano superior, o Sânscrito também é uma chave para o conhecimento da história
e da cultura original indiana. Conhecer o sânscrito nos permite compreender
certos escritos que podem ter sofrido modificações na tradução para outras
línguas.
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