Inspirado no western italiano
da década de 60 também chamado Django do diretor Sergio Corbuccio, o filme de
Tarantino faz jus ao gênero com muitos tiroteios, enquadramentos abertos,
trilha sonora dramática e um herói com cara de mau. As semelhanças terminam por
aqui.
O novo Django, interpretado
por Jamie Foxx, é um escravo que depois de sofrer maus tratos e ser separado da
sua esposa, acaba sendo comprado pelo caçador de recompensas Dr. King Schultz,
(ChristophWaltz). De escravo, Django passa a ser amigo e parceiro de trabalho do
Dr. Schultz. O doutor lhe dá a liberdade para juntos percorrem as fazendas do
sul dos EUA matando procurados pela justiça e, nas suas palavras: “Quanto mais
perigosos, maior a recompensa”.
O maior recompensa de Django
não é dinheiro. Seu desejo é encontrar e libertar sua esposa Broomhilda (Kerry
Washington) e ao final de várias caçadas eles chegam até a propriedade onde
está a moça. O lugar pertence ao latifundiário Calvin Candie (Leonardo di
Caprio) famoso por promover lutas de escravos até a morte. (Spoiler leve) Para
conseguir comprar a escrava Broomhilda eles armam um plano que, claro, tinha
que terminar em um desastre com muito sangue. Aliás, o sangue é uma marca
presente durante todo o filme. Diferente de westerns onde os tiros levam a
mortes rápidas e limpas, os tiros em Django Unchained levam a esguichos de
sangue, miólos espalhados, buracos nos corpos e gritos agonizantes.
A violência é uma marca
registrada de Tarantino que tem em sua biografia filmes como Cães de Aluguel,
Pulp Fiction, Kill Bill e Bastardos Inglórios, mas a violência nesses filmes de
tão exagerada acaba se tornando irreal, quase plástica, quase bela, sobretudo
em Kill Bill. Em Django a violência tem uma certa dose de crueza que incomodou
alguns espectadores: cenas de torturas, chicotadas até um escravo devorado por
cães. Para quem não gosta de filmes violentos Django não é uma boa indicação.
Por outro lado, para aqueles
que não se importam com banhos de sangue vale a pena assistir a mais essa
belíssima obra de Tarantino que foi brilhante em vários aspectos como a trilha
sonora, com músicas selecionadas dos discos do próprio diretor, a fotografia
incrível e interpretação dos atores, destacando-se Christoph Waltz, que ganhou
o prêmio de melhor ator coadjuvante em 2010 pela interpretação do Coronel Landa
e nesse filme chega a ofuscar o próprio Django. Samuel L. Jackson, parceiro
antigo do diretor faz uma interpretação irretocável do mordomo negro que parece
odiar os negros mais que qualquer branco, e Leonardo DiCaprio na pele do cruel
Calvin Candie, ator que está cada dia mais maduro, consegue surpreender a cada
filme. Candie por sinal é o primeiro vilão que Tarantino confessou odiar, ele
que sempre teve uma certa simpatia pelos seus vilões afirmou não encontrar
nenhuma característica redimível neste.
A película de 3 horas que
aborda delicado tema da escravidão é cheia de diálogos memoráveis e mesmo com
caráter sanguinolento tem uma boa dose de humor que faz com que as emoções de
expectador se alternem.
Apesar do nome, o mérito da
obra está mais no filme do que no personagem central que, talvez pelo
sofrimento, seja frio e indiferente a tudo que não seja o resgate da esposa,
diferente do Django de 1966 que conservava um certo ar de justiceiro. Mas essa
questão do carisma do personagem (ou da falta dele) não torna Django Livre um
filme menos sensacional, do que ele de fato é. Sensacional, forte e
polêmico, daqueles que você termina de assistir mas continua pensando nele.
Trailer
Ficha Técnica: Django Livre (Django Unchained). Direção: Quentin Tarantino. Roteiro: Quentin Tarantino. Ano: 2012.
Elenco: Django – Jamie Foxx, Dr. King Schultz – Christoph Waltz, Calvin Candie – Leonardo DiCaprio, Broomhilda von Shaft – Kerry Washington, Stephen – Samuel L. Jackson.
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