Um filme mudo e em preto e branco em
tempos de cinema 3D. Uma fórmula que caiu em desuso há mais de 80 anos se
mostrou ainda capaz de fascinar o mundo. O Artista é simples, poético,
inocente, cativante do inicio ao fim. É um daqueles filmes que quando chega ao
final dá vontade de assistir de novo.
O filme conta a história de um famoso
ator do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin) que vê sua carreira entrar
em decadência com o surgimento do cinema falado. Ele é um artista de sorrisos,
caretas e trejeitos, um artista da linguagem corporal, não da fala. Ao mesmo
tempo em que sua carreira declina ele vê a ascensão da jovem dançaria Peppy
Miller (Bérénice Bejo) que era apenas uma fã e figurante em seus filmes.
O tema não é novo. Cantando na Chuva já
tinha mostrado o dilema dos astros do cinema mudo tentando adaptar-se a nova
realidade. Mas O Artista consegue encantar pela profundidade com que aborda a
angústia do seu personagem central, que vê tudo ao seu redor começar a produzir
sons enquanto ele não consegue falar. A cena em que ele se assusta com o barulho
dos objetos que ele coloca sobre a mesa é uma daquelas que se eternizam.
A paixão entre George Valentin e Peppy
Miller prevalece o filme inteiro, mas de forma doce, nunca roubando a atenção
do dilema central do personagem. A cena inicial em que George erra a
interpretação várias vezes só pra dançar mais tempo com ela é de uma sutileza e
de uma graça incrível. O cão Uggie, ao lado de Valentin todo o tempo é
apaixonante e corrobora com a mensagem do filme. Em um das cenas uma senhora se
encanta com o cão e tece mil elogios, ao que Valentin responde “mas ele não
fala”. Acho que esse é o ponto forte do filme, tudo se encaixa perfeitamente. Nada sobra, nada falta.
Dirigido brilhantemente pelo
desconhecido Michel Hazanaviciu o filme tem outros atributos, os figurinos bem
escolhidos, uma fotografia cheia de contrastes e a trilha sonora que dispensa, literalmente, palavras. Não estou bem certa de que quem nunca assistiu ao cinema
mudo, viverá com O Artista essa experiência de encantamento, mas pra mim que
assistia Chaplin aos 10 anos, de madrugada com a tv no mudo para não ser
flagrada, assistir O Artista foi como reencontrar um velho amigo que julgava morto e perceber que ele continua tão fascinante quanto antes.
Assim como Hugo Cabret essa é outra
obra metalinguística e, do mesmo modo, uma homenagem aos primórdios do cinema.
Enquanto o norte-americano Scorsese homenageia o cinema francês o cineasta
francês homenageia Hollywood. The Artist é filme é encantador, charmoso, puro,
bonito, mas acima de tudo é um filme corajoso. O cinema nunca foi tão celebrado
como agora.
Direção:
Michel Hazanavicius. Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman,
Penelope Ann Miller
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