Raquel Rocha
Economista, Comunicóloga, Psicanalista e Especialista em Saúde Mental
Membro da Academia de Letras de Itabuna
Foto: FGV |
Não tenho bicicleta.
Há mais de 15 anos não ando de bicicleta (nem na academia). Mas gostaria muito
de andar de bicicleta, ir a lugares próximos, fazer um passeio no domingo com a
família toda, cada um em sua bike, pedalar por parques, avenidas. É quase um
sonho. Já vi essa rotina em vários países e fiquei encantada.
Infelizmente ainda
não é possível fazer isso em minha cidade, por falta de segurança e consciência
da população. Admiro os amigos (todos homens) que começaram a adotar as bikes,
mais para o laser do que para a rotina. Um deles foi atropelado por um carro (sem ferimentos
graves) outro teve sua magrela roubada, mas mesmo assim vejo as pessoas cada
vez mais pensando em comprar uma bicicleta e fico apostando na vitória desse
meio de transporte.
Os benefícios são
inúmeros, começando pela saúde, maior resistência cardiovascular, ganho de massa
magra, oxigena o cérebro e emagrece. Nas cidades que adotaram a bike como seu principal
meio de transporte o índice de obesidade e problemas cardíacos diminuiu consideravelmente.
É sustentável, não
polui. É o veículo mais eficiente já inventado levando em conta a energia
empregada e o resultado obtido. Se a preocupação não for com o planeta pode-se
pensar no bolso, com a magrela não há custo com combustível, seguro, IPVA,
estacionamento. A manutenção é muito barata e elas duram anos e anos. Claro que
nossa bicicleta é uma das mais caras do mundo,
54% mais cara que nos EUA por exemplo. E nosso poder aquisitivos é bem menor.
Mas mesmo com essa esculhambação (tudo no Brasil é mais caro) ter uma bike
ainda é infinitamente mais barato que ter um automóvel.
Também é mais
seguro: dificilmente uma colisão entre duas bicicletas ou um atropelamento de
pedestre será fatal para os envolvidos. Bem diferente dos carros pois segundo a
OMS o Brasil aparece em quinto lugar entre os
países recordistas em mortes no trânsito.
Não
podemos esquecer: Menos congestionamento, já que uma bicicleta ocupa menor
espaço nas ruas das cidades. E nem adianta argumentar que no carro cabem mais pessoas
porque o que vemos no trânsito das grandes cidades, na maioria das vezes, são
motoristas sozinhos dentro do veículo.
Claro
que existem exceções, crianças pequenas, idosos debilitados, deficientes
físicos e é pensando neles que precisaríamos deixar o trânsito mais livre, o ar
mais limpo, a cidade menos barulhenta e paisagem mais clara.
Parece
utópico mas não é. Num país como o Brasil, onde o combustível é muito mais caro
que em outros países, onde o carro é mais caro, um país no qual a população está cada vez mais obesa, onde a sociedade vive
estrangulada com as contas do mês, onde temos um clima maravilhoso para sair
pedalando, nós só precisamos de ações governamentais: ciclovias, ciclo-faixas e
campanhas de conscientização.
Eu
não entendo como os governantes não enxergam todos os benefícios da adoção da bicicleta,
mesmo como veículo alternativo: menos gasto com saúde, menos gasto com manutenção
de ruas e avenidas. Mas enfim, há muitas coisas que não entendo em nossos
governantes.
Não tenho bicicleta. Há mais de 15 anos não ando de bicicleta. Mas gostaria muito de andar de bicicleta. Espero ansiosamente pelo dia em que as cidades ofereçam condições mínimas para que eu possa sair pedalando com minhas crianças. Não sou celebridade (Obama e Schwarzennegge estão na campanha!), não tenho cargo público, nem poder de mudança. A única coisa que posso fazer é parar para escrever esse texto, na esperança que textos, e vozes, opiniões e cobranças da própria população, possam colocar o nosso Brasil em cima desse veículo que tem mais de 2.500 anos de idade e continua mais atual do que nunca.
Imagem: http://crocomila.blogspot.com.br/ |
Adorei.... tiraria as colocações que me fazem lembrar de algumas realidades.....deixaria somente o néctar delicioso do acreditar nas mudanças.....
ResponderExcluirmuito legal! obrigada por divulgar meu blog e quadrinho!
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